quarta-feira, 16 de março de 2011

Como cão e gato.

Eu costumava olhar nos seus olhos quando falava com você.Isso era a unica coisa que parecia não se perder quando nossas corpos se perdiam pelo final de semana.Final de semana que para nós era sinônimo de um pouco de coragem a mais.Pra você acho que a coragem avançava um nível não permitido, sentia isso logo pela segunda.Suas mãos ficavam longe, suas palavras, seu hálito, mas seus olhos...Ah, seus olhos, aqueles que mencionei um dia, aqueles escuros, muito escuros, eles estavam sempre la, fixos, pelo menos por alguns segundos, nos meus.Me arrancava um sorriso discreto e eu recebia em troca aquela cara séria com os olhos se estreitando aos poucos.Sentia as mãos formigando quando você me lançava esse olhar com os olhinhos quase se fechando.
Mas o que aconteceu com ele?Com sua cara séria?Com seus olhos?E nossos finais de semana?Seu corpo?Suas palavras?Ficaremos assim, brincando de cão e gato? Alternando os personagens de vez ou outra?Não.Saiba, saberei correr atrás do que eu quero, e os papeis não se alternaram mais.

Quero sentir minha pele queimar como chamas outra ve
z!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Inapagavel.

Era fim de tarde, o pôr-do-sol se anunciava preguiçoso, deixando que rajadas solares cobrissem o céu de laranja. Ela caminhava pela areia.
Cabeça baixa. Cambaleando sobre seus pés. Fugindo de sua própria sombra. Numa vã tentativa de não deixar rastros. Apagar memórias. Desatar laços.

Alheia ao sol que se despedia, andou por horas, sem descanso. Só parou quando não mais avistou sua sombra. Tinha conseguido, enfim, fugir de si? E por que não estava comemorando, feliz em ter alcançado seu objetivo? Bastou olhar para trás e perceber o sentido real da caminhada. A sombra se foi, mas seus passos ainda estavam ali, gravados na areia. Correu pelo caminho de volta, arrastando a areia por cima das pegadas, apagando. Ela só não se lembrou que o caminho de volta também estava sendo gravado e para ser, novamente apagado, ela teria que voltar borrando as pegadas. Tentando apagar o inapagavel. Numa incansável tentativa de se convencer que seria possível.