quarta-feira, 2 de março de 2011

Inapagavel.

Era fim de tarde, o pôr-do-sol se anunciava preguiçoso, deixando que rajadas solares cobrissem o céu de laranja. Ela caminhava pela areia.
Cabeça baixa. Cambaleando sobre seus pés. Fugindo de sua própria sombra. Numa vã tentativa de não deixar rastros. Apagar memórias. Desatar laços.

Alheia ao sol que se despedia, andou por horas, sem descanso. Só parou quando não mais avistou sua sombra. Tinha conseguido, enfim, fugir de si? E por que não estava comemorando, feliz em ter alcançado seu objetivo? Bastou olhar para trás e perceber o sentido real da caminhada. A sombra se foi, mas seus passos ainda estavam ali, gravados na areia. Correu pelo caminho de volta, arrastando a areia por cima das pegadas, apagando. Ela só não se lembrou que o caminho de volta também estava sendo gravado e para ser, novamente apagado, ela teria que voltar borrando as pegadas. Tentando apagar o inapagavel. Numa incansável tentativa de se convencer que seria possível.

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